quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Sinais

A vida, esse mistério com os segredos mais bem guardados que nenhum cientista ou teólogo conseguiu desvendar até hoje.
A vida, esse código morse eterno e infindável que não tem conversão possível à primeira vista, é preciso dar-lhe o benefício do tempo para entender as frases corretas de um texto inacabado, que o é sempre, até à hora da morte.
A vida, essa mulher, senhora do seu nariz, que burila os destinos dos homens, cheios de enredos, como se fosse um jogo em que o objetivo final é sempre o "feliz para sempre".
A vida, essa teia de sinais constantes que os homens não vêem pela cegueira do egoísmo.

Sinais... Eis o princípio basilar da felicidade. E é tão simples quanto isto: saber olhar com o coração, porque é no coração que estão os olhos certos, sem miopias ou astigmatismos, sem complicómetros e sem "ses".
Os melhores olhos para se ver são os do coração. É ele que vê de dentro para fora e reduz a percentagem de erro a zero.

O choro de uma criança ao nascer, uma frase dita ao mesmo tempo, uma estrela cadente, um balão de São João em pleno inverno lançado na praia, o nome de uma música, um pensamento, uma saudade, uma lembrança, tudo isto são sinais, tudo isto são guide lines que a vida disponibiliza para que se possa trilhar caminho e ser-se feliz.
A vida nunca nos quis mal, muito pelo contrário! É ela que nos enche os pulmões no primeiro sopro, é ela que nos embala e acaricia sempre que se acorda na manhã seguinte, e é ela que nos limpa as lágrimas e nos carrega no colo no último suspiro. É a vida que nos quer dar, não o contrário. Nós só lhe damos boas histórias para mais tarde recordar e relembrar aos vindouros os nomes dos corajosos que um dia a carregaram ao peito.
Acredito que há quem a desonre, mas a vida...a vida é cheia de amor e nunca desiste de nós, nem mesmo quando se desiste dela. Há quem não acredite, mas eu acredito que a vida nos dá a oportunidade de renascermos uma e outra vez para a experimentarmos de vários ângulos, várias perspectivas, várias facetas. E o destino que ela nos dá é sempre o mesmo: ser feliz.

De tantas vezes que olhei o céu estrelado e outras tantas em que vi estrelas cadentes, nada se compara ao espetáculo que assisti ontem, nada. Quando levantei a cabeça e olhei o cinturão de Órion, as estrelas eram as mesmas que sempre lá estiveram, mas aquela é a constelação mais bonita que eu já vi, sempre que olho para o céu é ela que procuro, qual Ártemis à procura do seu eterno amado Órion.
Mas ontem, aquela constelação pareceu-me diferente, mais viva, mais brilhante, ela estava ali sobre a minha cabeça, é como se a minha Ártemis, de repente, se reencontrasse com o seu Órion num tempo e espaço infinito.
Depois disso caiu uma estrela cadente, muito brilhante, muito perto, tão perto que quase dava para segura-la na mão se possível fosse. Paralisei. Nunca tinha visto nada tão belo, aquele ponto muito brilhante, tão perto, e o rasgo de luz intensa que ia deixando...
Emocionei-me.
Os meus olhos ficaram tão brilhantes quanto aquela luz cadente, o meu coração palpitou, suspirei e agradeci à vida.
O que mais poderia ser senão a vida a dar sinais?

Há "olás" na vida que são autênticos regressos a casa. É quando te ouves e vês inteiro nos olhos e na boca de alguém, que tens a certeza de que chegaste a casa são e salvo.
E quando se volta a casa os espaços vazios fecham-se, a esperança torna-se numa luz sempre acesa e percebes que és feito de um amor que transcende até os caprichos do corpo. Deixa de faltar muito para se ter ter tudo.
O amor é muito mais do que uma atração, um beijo na boca, mãos dadas ou corpos suados. O amor é ser (e reconhecer-se) inteiro nos olhos de alguém, porque são os olhos o espelho da alma.

É preciso estar-se atento aos sinais, são eles que nos conduzem sempre de volta para casa após as batalhas que escolhemos travar, onde nos espera um coração sempre pronto a acolher-nos e a envolver-nos num abraço de saudade.

Sinais... Foi aquilo que a vida me deu.
E se existiam dúvidas disso, melhor do que uma estrela cadente, foi terem caído duas.

4 comentários:

  1. Um texto belíssimo Princesa.
    Uma reflexão sobre a vida, não muito habitual em jovens da sua idade. Desejo-lhe felicidades e uma rápida volta a casa...
    Abraço

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  2. Ola querida Márcia,
    Que texto lindo, adorei e até me caíu uma lágrima, não de tristeza mas por todo os entimento que transmitiste e, foi tão lindo...
    Também acho que a vida é bela, nós é que gostamos de a complicar quando ser feliz é tão fácil....
    Beijinhos grandese bom fim de semana.

    misscokette.blogspot.pt

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  3. Uau que reflexão tão boa! Parabéns por este texto =)

    Beijinhos,
    Joana*

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  4. Sem dúvida uma excelente refleção :) Beijinho*

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