Foste assassinada.
Foste brutalmente assassinada.
Foste brutalmente assassinada por um amor doentio.
Tu eras minha colega de curso, conheci-te nas aulas, nos corredores, na convivência própria da faculdade. Conhecia o teu rosto, a tua voz, a tua presença, e mesmo não sendo nós as melhores amigas, a tua morte afetou-me, muito, em vários aspetos.
A tua morte mexeu com as minhas dores profundas, reavivou memórias não muito distantes, abriu feridas que ainda não sararam e que queimam como se tivessem sido abertas ontem. Infelizmente entraste para a estatística das que morrem no silêncio com um grito na alma, das que morrem nas mãos de um amor que é tudo menos amor.
As que sobrevivem a essa violência ficam cá para contar a sua história, ainda que metade delas tenham morrido por dentro durante o processo de cura. Eu sou uma delas.
Já fui perseguida, manipulada, violentada verbalmente e psicologicamente, e só não chegou à parte física porque eu dei um "Basta". Acredito que se eu não tivesse dito chega, talvez num futuro próximo tivesse o mesmo fim que tu, ou talvez me tivesse tornado uma mulher de olhar vazio e passiva aceitando que aquela era uma forma natural de ser amada.
E é aqui que mora o perigo! A dúvida de colocar ou não uma barreira definitiva entre nós e o outro, desculpando os inúmeros abusos e ignorando os vários sinais de violência pelo caminho, acaba não só por aumentar o risco de sairmos mais lesadas como também o risco de acabar(mos) mal.
Infelizmente acabou mal pra ti, querida Bia.
Mais do que uma vida para viver, uma carreira brilhante por conquistar, os sonhos para cumprir, deixaste-nos a todos o dever de honrar a tua memória e usar a tua história para continuarmos a luta contra a violência, seja doméstica, seja no namoro, seja de que forma for; deixaste-nos o dever de dar voz a quem se vai calando com o tempo, de cuidar das feridas e dos traumas de quem saiu lesada deste tipo de violência.
Não pudeste contar a tua história mas nós podemos aprender com ela, e eu vou poder contar a minha um dia. Hoje não porque ainda me dói muito, hoje não porque a revolta ainda se sobrepõe ao discernimento e à capacidade de conta-la de forma perceptível.
Mas a minha história, tal como a tua, irá servir para construir um futuro mais punitivo, mais regrado, mais atento, mais consciente; porque o amor não magoa, não bate, não maltrata, não manipula.
Que encontres a paz que mereces aí em cima, que os anjos te envolvam num abraço apertadinho e que a música que amavas possa balsamizar a tua alma.
Por cá ficamos nós, sem a tua presença e brilho, com imensas saudades, mas também com força para vermos feita justiça.
<3
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quarta-feira, 3 de junho de 2020
terça-feira, 10 de março de 2020
|| Esclarecimentos e Apelo
Bom dia a todos.
Antes de mais, quero pedir-vos desculpa por ter apagado o último post publicado aqui na semana passada, onde eu falava do 1º trimestre de gravidez e daquilo que foi para mim vivê-lo nas minhas gravidezes. Como sabem a vontade de escrever é uma coisa volátil, ora acordamos inspirados e cheias de palavras soltas que queremos organizar e partilhar, ora acordamos no mais puro silêncio e aquilo que nos sai é somente vazio.
E assim tem sido nos últimos 4 meses, ora apetece-me escrever ora apetece-me ficar deitada o dia todo no sofá a fazer scroll no Netflix. Mas nos dias em que me apetece escrever acabo por vir aqui "despejar" o que me vai na alma (que nesta altura da minha vida está apertadinha e pequenina) deixando tudo na pasta dos rascunhos para, quiçá, um dia que me apeteça tornar as palavras públicas.
Infelizmente, o post anterior que eliminei estava escrito desde o final de Novembro de 2019, mas estava um tanto ou quanto desatualizado daquilo que é a minha realidade hoje, dia 10 de Março de 2020. Mas há mesmo coisas do demo (como disse o outro), e no dia 4 de Março, quando me sentei para editar o maldito post e atualiza-lo, a plataforma do Blogger simplesmente mandou-me pastar ficando a página em branco com a mensagem de problemas no servidor. E por mais refresh's que fizesse à página o Blogger não colaborou e, claro, à falta de paciência deixei o computador de lado e fui à minha vida visto que estava a trabalhar no rascunho da publicação e, acreditei eu, que nada tinha sido publicado.
"Mas Márcia, porque nos estás a contar isto, se é algo que pode acontecer a qualquer pessoa que use plataformas na Internet e são coisas que não se controlam?"
Eu explico.
No Sábado passado eis que, já de madrugada, recebo uma chamada e 3 mensagens seguidas no telemovél de um Fulano a exigir-me explicações acerca desse mesmo post (com direito a printscreen e tudo) porque em nada poderia corresponder à verdade o estar presentemente grávida (explicarei o motivo noutro post quando me sentir mais capaz) e, apesar da minha estupefação dupla por, primeiro jamais imaginar que tal post estivesse publicado e segundo porque não devo justificações a ninguém, tentei explicar de boa fé ao Fulano o que realmente tinha acontecido, mesmo sem qualquer responsabilidade ou obrigação de o fazer, mas, mais uma vez, fui alvo de tortura e inclusive de ameaças.
Este Fulano de que vos falo é alguém que, por infortúnio do destino, apareceu na minha vida em Janeiro do ano passado, e de lá para cá a minha vida, a minha auto-estima, a minha integridade moral e até física foram sendo, progressivamente, postas em causa.
Este Fulano ia-me destruindo a tal ponto que hoje, dia 10 de Março de 2020, encontro-me de baixa médica com diagnóstico de depressão e agorafobia.
Durante meses, eu fui alvo, por parte deste Fulano de intimidação, imposição da sua presença, perseguição, manipulação, tortura psicológica, violência verbal chegando inclusive a haver um episódio de violência física em plena rua à noite que, infelizmente, ninguém assistiu. E como todos nós já sabemos, stalking e violência doméstica é crime punível por lei.
Relativamente a este Fulano, deixei-lhe o aviso de que se voltar a tentar contactar-me, seja de que forma for, irei tomar providências junto da Justiça.
"Mas Márcia, já o devias ter feito há imenso tempo!"
Eu sei. Mas o medo mesclado com a esperança de que a conversar tudo se resolve, fez-me não avançar com uma queixa-crime.
Infelizmente, eu entrei para a estatística nacional de mulheres que sofrem abuso por parte dos homens, apesar do meu caso não constar oficialmente (ainda) dessa estatística.
Infelizmente, e apesar de ter tirado uma licenciatura em Psicologia onde falamos destes casos e dos sinais de alerta, não consegui evitar que isto me acontecesse.
Infelizmente, ainda estou demasiado debilitada, física e psicologicamente, para falar mais em pormenor sobre isto que me aconteceu, mas quero deixar-vos aqui um apelo, um alerta: este tipo de agressor ele dá sinais desde o início, e deixa pistas também porque são pessoas demasiado impulsivas e não pensam nas consequências dos seus atos, acabando por esses mesmos atos serem a nossa prova para os denunciar.
Mensagens, telefonemas, e-mails, a pessoa bater-vos à porta de casa sem serem convidados ou estarem constantemente nos locais onde vocês estão, tudo isto são provas incriminatórias que podemos e devemos usar para os denunciar.
Não se calem, por favor! Ainda que a justiça portuguesa tenha algumas falhas ou possa até ser demorada, mas hoje este tipo de crimes são puníveis por lei, há uma lei que ainda nos protege.
Neste momento, encontro-me a lidar com muitas dores, nomeadamente a de ter permitido que esta situação chegasse a este ponto. A culpa por não ter travado este Fulano quando tive meios e quando ainda tive tempo de o fazer, ainda é gigante. E acho que a culpa é aquilo que mais nos corrói por dentro e durante muito tempo depois de sofrer abuso, ainda que eu tenha consciência de que uma pessoa ser doente mental não é culpa minha.
Resta-me lidar com as marcas que isto me deixou, um dia de cada vez, e a seu tempo irei falar com mais pormenor sobre isto e outras coisas, quando me sentir mais capaz, mais serena.
Porque é importante denunciar!
Porque é importante não nos calarmos!
Denunciem sempre, por favor.
Um Beijinho
Antes de mais, quero pedir-vos desculpa por ter apagado o último post publicado aqui na semana passada, onde eu falava do 1º trimestre de gravidez e daquilo que foi para mim vivê-lo nas minhas gravidezes. Como sabem a vontade de escrever é uma coisa volátil, ora acordamos inspirados e cheias de palavras soltas que queremos organizar e partilhar, ora acordamos no mais puro silêncio e aquilo que nos sai é somente vazio.
E assim tem sido nos últimos 4 meses, ora apetece-me escrever ora apetece-me ficar deitada o dia todo no sofá a fazer scroll no Netflix. Mas nos dias em que me apetece escrever acabo por vir aqui "despejar" o que me vai na alma (que nesta altura da minha vida está apertadinha e pequenina) deixando tudo na pasta dos rascunhos para, quiçá, um dia que me apeteça tornar as palavras públicas.
Infelizmente, o post anterior que eliminei estava escrito desde o final de Novembro de 2019, mas estava um tanto ou quanto desatualizado daquilo que é a minha realidade hoje, dia 10 de Março de 2020. Mas há mesmo coisas do demo (como disse o outro), e no dia 4 de Março, quando me sentei para editar o maldito post e atualiza-lo, a plataforma do Blogger simplesmente mandou-me pastar ficando a página em branco com a mensagem de problemas no servidor. E por mais refresh's que fizesse à página o Blogger não colaborou e, claro, à falta de paciência deixei o computador de lado e fui à minha vida visto que estava a trabalhar no rascunho da publicação e, acreditei eu, que nada tinha sido publicado.
"Mas Márcia, porque nos estás a contar isto, se é algo que pode acontecer a qualquer pessoa que use plataformas na Internet e são coisas que não se controlam?"
Eu explico.
No Sábado passado eis que, já de madrugada, recebo uma chamada e 3 mensagens seguidas no telemovél de um Fulano a exigir-me explicações acerca desse mesmo post (com direito a printscreen e tudo) porque em nada poderia corresponder à verdade o estar presentemente grávida (explicarei o motivo noutro post quando me sentir mais capaz) e, apesar da minha estupefação dupla por, primeiro jamais imaginar que tal post estivesse publicado e segundo porque não devo justificações a ninguém, tentei explicar de boa fé ao Fulano o que realmente tinha acontecido, mesmo sem qualquer responsabilidade ou obrigação de o fazer, mas, mais uma vez, fui alvo de tortura e inclusive de ameaças.
Este Fulano de que vos falo é alguém que, por infortúnio do destino, apareceu na minha vida em Janeiro do ano passado, e de lá para cá a minha vida, a minha auto-estima, a minha integridade moral e até física foram sendo, progressivamente, postas em causa.
Este Fulano ia-me destruindo a tal ponto que hoje, dia 10 de Março de 2020, encontro-me de baixa médica com diagnóstico de depressão e agorafobia.
Durante meses, eu fui alvo, por parte deste Fulano de intimidação, imposição da sua presença, perseguição, manipulação, tortura psicológica, violência verbal chegando inclusive a haver um episódio de violência física em plena rua à noite que, infelizmente, ninguém assistiu. E como todos nós já sabemos, stalking e violência doméstica é crime punível por lei.
Relativamente a este Fulano, deixei-lhe o aviso de que se voltar a tentar contactar-me, seja de que forma for, irei tomar providências junto da Justiça.
"Mas Márcia, já o devias ter feito há imenso tempo!"
Eu sei. Mas o medo mesclado com a esperança de que a conversar tudo se resolve, fez-me não avançar com uma queixa-crime.
Infelizmente, eu entrei para a estatística nacional de mulheres que sofrem abuso por parte dos homens, apesar do meu caso não constar oficialmente (ainda) dessa estatística.
Infelizmente, e apesar de ter tirado uma licenciatura em Psicologia onde falamos destes casos e dos sinais de alerta, não consegui evitar que isto me acontecesse.
Infelizmente, ainda estou demasiado debilitada, física e psicologicamente, para falar mais em pormenor sobre isto que me aconteceu, mas quero deixar-vos aqui um apelo, um alerta: este tipo de agressor ele dá sinais desde o início, e deixa pistas também porque são pessoas demasiado impulsivas e não pensam nas consequências dos seus atos, acabando por esses mesmos atos serem a nossa prova para os denunciar.
Mensagens, telefonemas, e-mails, a pessoa bater-vos à porta de casa sem serem convidados ou estarem constantemente nos locais onde vocês estão, tudo isto são provas incriminatórias que podemos e devemos usar para os denunciar.
Não se calem, por favor! Ainda que a justiça portuguesa tenha algumas falhas ou possa até ser demorada, mas hoje este tipo de crimes são puníveis por lei, há uma lei que ainda nos protege.
Neste momento, encontro-me a lidar com muitas dores, nomeadamente a de ter permitido que esta situação chegasse a este ponto. A culpa por não ter travado este Fulano quando tive meios e quando ainda tive tempo de o fazer, ainda é gigante. E acho que a culpa é aquilo que mais nos corrói por dentro e durante muito tempo depois de sofrer abuso, ainda que eu tenha consciência de que uma pessoa ser doente mental não é culpa minha.
Resta-me lidar com as marcas que isto me deixou, um dia de cada vez, e a seu tempo irei falar com mais pormenor sobre isto e outras coisas, quando me sentir mais capaz, mais serena.
Porque é importante denunciar!
Porque é importante não nos calarmos!
Denunciem sempre, por favor.
Um Beijinho
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