sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

|| Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,

A três dias do natal, e numa altura em que estou cheia de coisas para fazer, guardei um tempo para te escrever.
Há 23 anos que te escrevo religiosamente, seja no papel ou na alma, e a maioria das vezes foi sempre para te pedir alguma coisa. Este ano resolvi não pedir nada, mas sim agradecer. Bom, talvez mais lá para o fim te peça uma coisa ou outra, coisinha pouca, prometo.
Quero agradecer pelo amor que recebi durante todo este ano, pelo homem maravilhoso que Deus me trouxe e que me tem feito acreditar que a felicidade se constrói todos os dias [da nossa vida], que o amor tudo conquista e ultrapassa até o obstáculo mais bicudo.
Quero agradecer pelas lágrimas que derramei, porque foram elas que me fizeram ganhar um olhar mais reto sobre a vida.
Quero agradecer também pelos medos que fui desbravando, porque foram eles que me ensinaram a ter a coragem para avançar e alcançar sempre o melhor do mundo.
Quero agradecer por a vida me mostrar que a família está onde o nosso coração é livre e feliz, que a família são aqueles que nos trazem ao peito, que nos respeitam mesmo que não entendam as nossas escolhas, e que nem sempre aqueles que nos deram a vida são aqueles que verdadeiramente nos amam.
Agradeço pela vida e pela saúde dos meus filhos, as duas pequenas luzes da minha vida, as duas únicas certezas que tenho de que tudo valeu a pena.
Agradeço por as dores nunca me terem cegado e feito esquecer de onde vim, e para onde quero ir.
Quero agradecer pelos sorrisos que fui capaz de partilhar com quem ainda está a aprender a sorrir, pelas lágrimas que amparei e enxuguei, pelos abraços que não adiei.
Agradecer por todas as oportunidades que aproveitei e por todas aquelas que soube desperdiçar, porque nem todas elas valiam a pena.
Quero agradecer pelas pessoas boas que se cruzaram comigo e não me deixaram desistir, uma vida não chega para lhes mostrar tamanha gratidão.
Foi um ano muito cheio, muito rico, muito importante. Eu diria, querido Pai Natal, que foi O ano da minha vida, o ano em que aprendi mais sobre mim do que sobre os outros, o ano em que ganhei coragem para escolher como ser feliz, o ano em que aprendi que o amor é muito mais do que só aceitar e esperar, o amor também é saber ir e deixar.
Ahhh... Querido Pai Natal...
Que o brilho dos meus olhos nunca se apague, que a força nunca me falte e se faltar que hajam sempre pessoas maravilhosas para me abraçar, porque um abraço será sempre o suficiente para me fazer voltar.
Que eu saiba ser sempre a menina que procura sempre a doçura no coração dos outros.
Que eu nunca perca a certeza de que são os sonhos que comandam a vida, e que essa capacidade de sonhar seja diretamente proporcional à vontade de fazer acontecer.
Que os meus filhos, esses diamantes por lapidar que Deus me confiou, possam crescer com uma mãe consciente, uma mãe capaz de os ouvir, capaz de os abraçar ao invés de julgar e criticar. Que eles se tornem a melhor extensão de mim, que se tornem homens dos quais o mundo [e eles próprios] se possa orgulhar.
Que a família onde nasci possa seguir o caminho que escolheu, feliz e consciente de que o arrependimento é um veneno sem antídoto.
Que este amor que trago ao peito e nos lábios, continue de mãos dadas comigo até sermos velhinhos.
Que amor e saúde nunca [nos] falte. Que o mundo possa ser um bocadinho melhor amanhã do que foi hoje e que eu lhe saiba [sempre] contribuir.

Desejo-te um Feliz Natal, a ti e a todos os que gostam de mim, que se interessam pelo que digo, que me escutam, que me respeitam, que me acompanham nesta loucura que é a vida, que estão atentos.
Àqueles que não gostam dá-lhes paciência.

Um abraço apertado e até para o ano, se Deus assim o quiser.