quarta-feira, 16 de março de 2016

A mãe é que sabe || Os erros da maternidade que só percebemos mais tarde #1

Hoje venho com um misto de desabafo e de conselho, se bem que acho que é mais do primeiro do que do segundo. Mas nem sei bem por onde começar. Talvez comece pela parte de me sentir, uma vez mais, culpada por alguns erros que tenho vindo a cometer ao longo dos 6 anos da vida do meu filho, erros que só agora, com o segundo filho, é que me apercebo deles. Meu Deus, afinal as mães também erram e não são nada omnipotentes...
Ultimamente o Gabriel tem feito uma birra desgraçada à hora das refeições, "não gosto disto", "não me apetece isto", "isto sabe mal", etc. E pensando no assunto, num dia destes, dei-me conta do quão pouco diversificada é a alimentação dele. 
Cá em casa come-se muito pouca gordura; fritos é quando o rei faz anos, comida de fora é uma vez por mês, privilegia-se mais os grelhados, os cozidos e os assados sem grandes condimentos. Verduras, bem eu gosto e como, mas não costumo comprar muitas porque... sou só eu a comer. 
Mas eu pergunto, porque é que sou só eu a comer?! Porque sou parva, porque me deixei ir na conversa do "não gosto" mas que afinal até come tudo na escola, segundo a professora e as auxiliares, porque o menino fazia birra e eu aquiesci sempre, por falta de paciência para insistir e bater o pé. 
Dei por mim a pensar que durante o primeiro ano da vida dele introduzi imensos alimentos na alimentação dele, preocupava-me com o ele experimentar de tudo e ganhar um paladar amplo e pouco esquisito. Mas a partir daí, coincidente com uma altura menos boa da minha vida em que me ausentei muito dos compromissos da maternidade (sim, há alturas em que não aguentamos e temos que delegar a tarefa a outro, de preferência competente, o que não foi o caso), nunca mais insisti para que ele comesse o mais diversificado possível, e foi aí que a fruta e os legumes sumiram da alimentação dele. 
Claro que eu acabava por compensar a minha falha com o "ok, ele em casa não come, mas come sempre na escola porque as auxiliares não permitem esquisitices". Mas hoje, ao olhar para as birras deste miúdo, sinto que falhei e não posso deixar de me sentir culpada por isso.
Bom, é verdade que a maternidade traz mais culpas do que sucessos, e sim, também sei que as mães não são perfeitas e também falham. Mas, lidar com isto não é fácil. E não é fácil porquê? Porque me fartei das esquisitices dele.
Ora, se ele come tudo na escola e não reclama, porque raio há-de ser diferente em casa?! E vai daí, há uma semana para cá tem havido sempre sopa, legumes e verduras às refeições. 
Isto até podia ter corrido bem, mas não tem corrido. Este miúdo é vê-lo a preferir ir para a cama sem comer, do que comer aquilo que eu lhe ponho no prato, uma forma de fazer braço de ferro comigo. 
Até poderia resultar, se não tivéssemos feitios iguais, o que equivale dizer "não cedo a pressões".
Aqui há dias disse-me que não tinha fome quando lhe pus um prato à frente com arroz, couves e cenouras cozidas com carne de vaca estufada. Ok, tudo bem. Mas não o deixei comer, rigorosamente, mais nada. Andou a enrolar-me até às 10h da noite, depois começou a choradeira do "tenho fooooooome", aqueci a comida do jantar e pu-la à frente, continuou o berreiro "não gosto distoooo", até que virei costas e mandei-o pastar. No fim, a larica lá o convenceu a comer meia dúzia de couves e a cenoura toda e ainda teve a lata de me dizer no fim "afinal cenoura é bom". A sério??? A sério que me moeste a alma para no fim até achares aquilo, que até comes todos os dias na escola, bom??? Pfffft, eu mereço...
Isto tudo para dizer que, não, não foi um clique repentino que me deu. Simplesmente vejo o mais novo, desde que se iniciou nas sopas e nas frutas, a comer de tudo, de uma forma equilibrada e variada, e a ver o mais velho armado em lorde a pensar que só come o que lhe cheira.
Naaa, agora é rédea curta enquanto posso fazer alguma coisa! É que esta criatura se eu lhe der peixe grelhado com esparguete (sim, tenho um filho marado) todos os dias ele come e não reclama. Agora, se eu lhe der peixe grelhado com batata e cenoura cozida (que vai ser o jantar de hoje), o menino já torce o nariz e faz birra feia. E o primeiro pensamento que me vem é "bem feita, descuidaste-te com a alimentação variada agora aguenta!". 
Tenho aqui uma bela peça, não haja dúvida. Muito trabalho (e braço de ferro) me espera pela frente.
Agora, o meu conselho - sim, porque uma pessoa aprende com os erros e é bom que os partilhe com outros que possam também estar a comete-los - quem tem filhos pequenos deve incentiva-los a comer verduras, legumes e fruta de uma forma regrada mas variada, de uma forma contínua, ou seja, não é só oferecer os alimentos à criança no seu primeiro ano de vida para que ela conheça o seu sabor e textura, mas sempre que ela rejeitar alguma coisa não desistir à primeira. Li algures que é preciso insistir pelo menos 10 vezes para que a criança se adapte a um determinado alimento. Tentar não custa.
Agora é ver-me a recuar no tempo para que esta alminha coma verduras e fruta, excepto que na altura eu tinha que cantar o "atirei o pau ao gato" agora tenho que berrar "come antes que te enfie isso pela goela abaixo". 

Para a semana a mãe volta com mais um devaneio (ou birra) qualquer 



9 comentários:

  1. Muito bom, obrigada pela partilha. Apesar de ainda não ser mãe.

    Vânia Nunes
    http://avanianunes.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  2. Ps: O stick da Avon é ótimo. Eu gostei muito.

    ResponderEliminar
  3. Adorei o teu texto! Os meus pais sempre me obrigaram a comer de TUDO e, ou comia o que tinha no prato, ou não havia mais nada para ninguém. Claro que na altura não eram poucos os meus resmungos mas hoje, olhando para trás (e apesar de ter as minhas esquisitices, que tenho!), só agradeço por eles terem sempre feito mais "braço de ferro" que eu e me terem obrigado a comer de tudo. Não duvido que ainda vás a tempo e muito menos duvido que o Gabriel te venha a agradecer tal como eu hoje agradeço aos meus pais :)

    P.S.: adoro o nome dele!

    Beijinhos,
    The Lost Louboutin Blog

    ResponderEliminar
  4. Estou com o mesmo drama cá em casa...por isso entendo.te na perfeição!

    ResponderEliminar
  5. Ainda não sou mãe como sabes, mas leio este teus textos religiosamente...não sei sinto que me vão ser muito úteis eheh:)
    E sei que a situação não é para rir, mas dou comigo a rir-me com os teus posts de mãe e a forma como te exprimes! Acho-te um máximo...adoro a tua forma de escrever:) Quanto ao conselho, vou segui-lo sem dúvida quando me calhar na rifa a mim :)
    Beijinhos
    elisaumarapariganormal.blogspot.pt

    ResponderEliminar
  6. Ola Linda:) Muito Bom:)
    Obrigada:) Bjs Open Kloset
    Novo Post: www.openklosetfashion.blogspot.pt

    ResponderEliminar
  7. Menos mal que "acordou" a tempo, amiga. Com seis anos tem boa idade para aprender a gostar do que lhe faz bem. A minha neta fez o mês passado sete anos. Diz que gosta mais de carne do que peixe, mas come-o sem birras. Mas só o ano passado começou a comer frutas normalmente. Mais pequenina não se conseguia que comesse. Então púnhamos na sopa, as frutas. Se era fruta que se podia cozer, era cozida com os legumes. Se não era passada e misturávamos à sopa, que ela sempre comeu muito bem. O ano passado inesperadamente começou a comer a fruta.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  8. Quando era pequenina a minha mãe obrigava-me a comer de tudo x) Quando puderes passa pelo meu blog, tenho um desafio para ti lá
    Kiss
    aalbicastrense.blogspot.pt

    ResponderEliminar
  9. Muito bom texto, adoro ler os teus devaneios de mãe...e sim, a culpa é sempre nossa que nos desleixamos ou facilitamos e depois eles ficam a pensar que mandam.
    Fizes-te bem, estou contigo ;).
    Beijinhos.

    misscokette.blogspot.pt

    ResponderEliminar