quinta-feira, 22 de setembro de 2016

|| Mudanças que vêm com o Outono

                          

Hoje começa o outono. Confesso que sempre adorei esta estação, os dias mais curtos, o frio a chegar, a chávena de chá quentinho, os dias passados em família no aconchego de casa...
Mas este ano, por incrível que pareça, não queria que o verão fosse embora. É verdade que os dias ainda estão quentes, que ainda dá para ir à praia, sair e passear com os miúdos, comer um gelado numa qualquer esplanada. Mas já noto diferenças na luz do dia, o cheiro que paira no ar a avisar que o outono chegou, que está na altura das folhas caírem, das andorinhas partirem para outras terras mais quentes, dos frutos de época amadurecerem.
Acredito que esta persistência, ano após ano, das estações do ano são formas da natureza também nos dar a oportunidade de nos ajustarmos, de transmutar-mos sentidos, perspetivas, problemas, dúvidas, cada estação do ano traz-nos tudo aquilo que precisamos para viver, resta-nos decidir se queremos viver bem ou em círculos viciosos.
Portanto, todos os anos, a natureza dá-nos a oportunidade de decidir o que queremos fazer com a nossa vida, com o nosso sentir.
Quando começou o verão eu fui operada ao ouvido, tirei um tumor que me podia ter tirado a vida, silenciosamente. As pessoas já andavam nas praias, outras foram de férias e eu estava em casa a recuperar da cirurgia, a deprimir porque eu sentia o meu corpo, a minha alma, a impulsionar-me para ir viver e aproveitar cada segundo do verão, coisa que nunca me tinha acontecido na vida.  Mas não... Tive de adiar esse viver para mais tarde. No final de julho fui acampar e foi aí o início do meu amor com o verão. Agosto foi um mês focado no batizado do meu filho mais novo, mas nem isso me impediu de sair, de aproveitar o sol, de ir à praia, à piscina, de sentir cada raio de sol no meu rosto e agradecer a Deus, à vida, por me dar a oportunidade de sentir tudo aquilo. E foi tão bom, mas tão bom, que ainda queria ficar mais um bocadinho nos braços do verão.
Mas a vida não pára, a natureza também não. E por isso aqui estou, instalada no mês de setembro, cheia de novidades, de recomeços, de novidades.
O mês de setembro começou com a creche do Mateus, o ter de passar pela dor da separação, o ter de aprender a viver com ela e ensinar ao meu filho a fazer o mesmo. A primeira semana foi de muita choradeira, dele e minha. Doeu-me, e acho que só uma mãe que tem a oportunidade de ficar tanto tempo em casa com um filho, como eu fiquei, é que irá perceber a dor que senti ao ter de deixar o meu pequeno grande amor nas mãos de alguém que ele não conhece, com uma rotina completamente diferente dos nossos dias.
Vamos na segunda semana de creche e já me dói menos, ele ainda choraminga quando o dou para o colo da educadora, eu ainda fico à entrada sem que ele me veja e só vou embora quando ele se acalma e sinto-me segura, sinto que está tudo bem.
Depois começou também esta semana a escola do Gabriel, uma escola nova, um método de ensino completamente diferente daquele a que ele estava habituado [infelizmente ainda há uma grande discrepância entre escolas privadas e públicas], amigos novos [que ainda não conseguiu fazer e eu já começo a ficar preocupada]. No inicio da semana andava todo feliz e contente, entusiasmado, hoje já estamos quase no fim de semana e ele já saiu de casa tristonho, a dizer que a escola afinal é uma seca e o suspiro dele doeu-me porque sinto que está a ser muito difícil para ele adaptar-se aos novos colegas, que tem medo de se aproximar deles, afinal ele entrou numa turma já feita desde o primeiro ano e que é muito coesa, ele é o único novo aluno.
Estou preocupada, aflita diria. Eu sei o que é ter medo de me aproximar de pessoas da minha idade, desde que tinha a idade dele eu só queria conversar com os adultos, não achava piada aos colegas da minha idade. Ainda hoje me é tão difícil abrir-me e deixar que as pessoas entrem na minha vida, que gostem de mim, e já sou adulta.
Quem sai aos seus não degenera... Mas neste caso, antes degenerasse.
Depois a somar a tudo isto do ser mãe de miúdos que estão a passar por mudanças, eu própria ando a viver as minhas, o regresso à faculdade, à rotina, ao stress. Perdi 1 semana de aulas pela incompetência da faculdade, pedi reingresso no mês de julho, as inscrições passaram e só depois de ter telefonado, batido o pé e ontem, no auge do meu limite de tolerância, ter ameaçado por email a entidade responsável pela solução do problema que iria apresentar queixa por escrito e iria dirigir-me ao reitor é que me respondem, já à noite que houve problemas de logística mas que já me poderia inscrever nas cadeiras até amanhã.
Depois de uma semana a bater mal, a sentir de novo os malditos ataques de pânico que eu já não tinha há meses, depois de gritar e ameaçar, de me terem levado ao limite, é que resolveram o problema num abrir e fechar de olhos.
Ser dura, ter que ser forte 24h por dia, cansa, muito.
Mas aqui estou eu, em pé, pronta para aceitar as mudanças que vieram com o outono e focar-me naquilo que realmente importa: em mim e nos meus filhos.
E o blog? E o canal do YouTube? Também estão de volta, de uma forma mais assídua estarei por cá com posts sobre tudo um pouco, e um vídeo por semana [ao sábado].
Tenho saudades de vos ler, de saber as vossas novidades, acredito que tenha andado a perder muita coisa, mas foi necessário parar, foi necessário viver e sentir, permitir-me viver o que nunca tinha dado importância.
Afinal, deparar-me com o risco da morte faz-nos virar a vida de cabeça para baixo, sacudir o pó das merdas que não interessam [nunca interessaram!] e olhar, sentir, cheirar, saborear a vida como deve ser, viver a vida como o verão, com muita luz, muita calma, muita alegria, muita vontade.
Hoje dou as boas vindas ao outono, ainda que com um pé no verão.

Beijinho meus amores, voltei.

7 comentários:

  1. Gosto de saber que está de volta.
    Lamento que o seu filhote esteja com problemas de integração, mas não deve ficar demasiado ansiosa. A minha neta o ano passado entrou para o primeiro ano numa turma nova. A primeira semana, chorava e chegou a vomitar. Na segunda já estava melhor e à terceira estava integrada. As crianças regra geral adaptam-se bem.
    Um abraço e tudo de bom para si.

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    1. É verdade, as crianças têm uma grande capacidade de se adaptarem a situações novas, mas estou com muito medo porque infelizmente ele calhou numa escola problemática, com miúdos problemáticos de famílias problemáticas... Esta semana já aconteceu uma situação que me deixou alerta em que um pirralho do 3° ano o ameaçou e eu nessas coisas não sou nada tolerante, a única coisa que me passa pela cabeça é ir lá e fazer o mesmo ao cachopo... É muito complicado gerir, ter calma e raciocinar quando está em causa o bem estar e a proteção do meu filho. Mas vamos ver como as coisas correm, vou esperar uns dias antes de pensar intervir.
      Obrigada pela força, beijinho grande

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  2. Adorei ler o texto :) beijinho é que o outono nos traga tudo de bom :)

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    1. Obrigada minha querida e bem vinda aqui ao meu cantinho!

      Beijinho grande

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  3. Bem vinda de volta!
    Que tenhas um Outono com sabor a Verão e que nos tragas muitas daquelas receitinhas de deixar água na boca!

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    1. Obrigada minha querida, por estares sempre aí!
      Ahahahahah já vi que tens saudades das minhas receitas, esta semana ainda vai sair uma fresquinha.

      Beijinho linda

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  4. Tão bom ver-te por aqui também...aliás o blog é sempre o meu local preferido :) O outono chegou e esperamos que nos traga boas coisas. Quanto ao pequenote, percebo o que deves estar a sentir...ainda não sou mãe mas tento perceber o que será esse tipo de sentimentos.
    Um grande beijinho querida Márcia
    elisaumarapariganormal.blogspot.pt

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